quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Mageense recebe Prêmio João Canuto de luta pelos Direitos Humanos

Em meados de outubro de 2008 tive a honra de conhecer a entidade Homens do Mar, mas conhecida como a AHOMAR, entidade esta que desde então vem lutando de forma corajosa e “apaixonante” contra os impactos que as obras da construção do Projeto GNL e outros vêm provocando em torno da Baía de Guanabara. Em pouco tempo já estava envolvido com a militância da entidade em questão e de forma entusiasmada amigo do Alexandre Anderson – o Alexandre da AHOMAR como é conhecido.Eu, o menino que tinha acabado de fundar a Transparência Magé e lutar contra as “arbitrariedades” do poder público municipal, seja na esfera do executivo ou na esfera do legislativo. Lembrando que fomos a única entidade a ingressar com Ação junto ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas contra o que chamamos de “IPTU SEM LEI”. Logo ali do lado, no distrito de Mauá e em toda Baía de Guanabara estava o Alexandre promovendo barqueatas, paralisando a obra da Petrobrás, muitas das vezes através da via judicial, e outros empreendimentos que hoje sabemos que provocou a queda de cerca de 70% do pescado em nossa região. Cada vez mais nosso ideal de luta por direitos humanos e de uma sorte melhor para nossas futuras gerações se encontravam em um movimento continuo, nossa amizade só crescia!
Curioso, você pode até estar se perguntando: o Gustavo é pescador? Vive da pesca? Por que então se envolver na luta pela sobrevivência da pesca artesanal?
Faço da honrosa e corajosa luta do Alexandre a minha luta pelo simples fato de encarar o desmantelamento ou se preferir o “genocídio” da pesca artesanal em nossa cidade e ou região um fator gerador de grandes conflitos sociais. Você já parou para se perguntar o que pode acontecer se as, aproximadamente, 850 famílias que ainda vivem da pesca e do extrativismo perdessem a sua única forma de sustento? É a certeza de que além de se caracterizar como um “irreparável” crime ambiental, a Planta Industrial que a Petrobrás quer transformar a Baía de Guanabara, caso não sejam adotadas medidas que de fato busquem a sustentabilidade e tão famosa responsabilidade social, estamos prestes a deixar de herança a fome, a miséria e provavelmente um incalculável quadro de vulnerabilidade social as gerações futuras que dependeram do exercício da pesca artesanal.
Essa mesma certeza e a nossa determinação, fez com que no dia 18 de setembro deste ano, depois de ultrapassarmos diversas barreiras, fundássemos o primeiro Sindicato dos Pescadores Profissionais, Pescadores Artesanais, Aprendizes de Pesca, Pescadores Amadores, Maricultores, Aqüicultores, Piscicultores da Região Sudeste. O SINDPESCA-RJ representa um grande avanço no quesito “representatividade” para nós que lutamos pelo direito a uma vida digna de todo cidadão que vive da pesca. Destacando que não queremos esmolas e muito menos frear o desenvolvimento do país, queremos o direito de participar do processo, dos debates, das decisões, que se forem tomadas de forma irresponsável podem condenar todas essas famílias.
Aproximadamente um mês após a fundação do SINDPESCA-RJ, o meu amigo Alexandre Anderson foi homenageado, depois de anos de militância, atentados e outras mazelas que freiam a democracia, pelo Prêmio João Canuto de luta pelos Direitos Humanos e combate ao Trabalho Escravo contemporâneo, um dos maiores reconhecimento em nível nacional que um cidadão pode receber. E é com muito orgulho e de forma fraterna que agradeço ao amigo Alexandre por ter possibilitado a minha participação nesta história de Luta, de muita determinação e acima de tudo coragem, muita coragem para avançar e lutar contra aqueles que há tempos vem manipulando nossas vidas.

Gustavo Meirelles
Ong Transparência Magé

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