sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Comunicado do OcupaRio frente as ameaças de remoção

 Qual a resposta da Prefeitura para a falta de moradia digna por grandes parcelas da população pobre do Rio de Janeiro?

Nós respondemos: o Choque de Ordem!

Qual a proposta da Prefeitura para tratar da ocupação produtiva das ruas por parte dos camelôs?
Nós respondemos:
o Choque de Ordem!

Qual a ideia da Prefeitura para solucionar ou pelo menos amenizar o problema da drogadição crônica que atinge cada vez mais pessoas nas ruas – mas não apenas – na cidade do Rio de Janeiro?
Nós respondemos: o Choque de Ordem!

Como pode que estes problemas e tantos outros sejam tratados unicamente com uso do aparato policial e pelo recurso ininterrupto à força como forma de lidar com questões tão díspares e específicas como esta que acabamos de listar?

E nós respondemos: uma cidade pensada única e exclusivamente para produzir o lucro e o bem-estar de segmentos bem pequenos de sua população está longe de ser uma cidade democrática! A situação absolutamente crítica a que chegamos – período de nossa história em que os mortos se tornam mera estatística e que grande parte das pessoas que habitam a cidade não pode contar com patamares mínimos de cidadania (e qualquer tipo de assistência por parte dos poderes públicos) – se deve, em grande parte, à relação que foi sendo construída entre os blocos de poder (públicos e privados) que regem ou buscam reger nossas vidas e as pessoas simples que buscam levar suas vidas da maneira que podem – e inventam!
Mas a monocultura dos poderes que governam o Rio de Janeiro se traduz na gestão sempre violenta da desigualdade social e de qualquer manifestação de diferença por parte de seus habitantes, sejam eles moradores de rua, estudantes, artistas populares, jovens de classe média, camelôs, negros, quase negros e quase brancos.

Pois nós, da #OcupaRio, movimento de ocupação produtiva permanente da praça Marechal Floriano – popularmente conhecida como Cinelândia – e de muitas outras a seguir, viemos a público manifestar veementemente nosso repúdio à atuação e às declarações do Subprefeito do Centro da cidade do Rio de Janeiro, sr. Thiago Barcellos, no dia 24 de novembro último.

O referido sr.Thiago Barcellos chegou à praça por volta das oito horas da manhã e se apresentou dizendo que teríamos até às 17h do mesmo dia para desocupar a Cinelândia. As razões, segundo ele – e na visão do poder público municipal – são que a ocupação “havia deixado de ser uma manifestação política” e  que “havia se tornado um acampamento de moradores de rua”, “com o acúmulo de lixo, entulho, sujeira” e “com forte cheiro de urina”. A associação entre pobreza e lixo não poderia ser mais clara!, com o perdão do trocadilho. É impressionante como, para o poder, a questão a ser combatida nunca é a pobreza (e a desigualdade), mas sim combater os pobres.

E, lembrando a letra da música Haiti, de Caetano Veloso, que diz que os “pobres são como podres e todos sabem como se tratam os pretos”, nós afirmamos que nossa manifestação permanente é sim, política, naquilo que a política tem de mais radical: estamos tentando construir – contra a herança perversa que estes poderes nos legam (e atualizam) – uma forma de organização do espaço comum urbano que não seja segregacionista e que conte com a participação dos vários sujeitos que compõem a cidade e que vivem na pele o seu dia-a-dia e que, nunca é demais lembrar, é constantemente afirmada nas peças publicitárias que apresentam o Rio como lugar múltiplo, rico de encontros, de criatividade etc. etc.

Aproveitamos ainda para convidar a todos a conhecer nosso movimento manifestação produtiva, participar dos vários eventos que temos organizado, as atividades de formação, as festas, as brincadeiras e também os debates visando desenvolver formas mais democráticas de ocupação do espaço metropolitano!

Cordialmente,
#OcupaRio
Caio César Loures
http://www.aes.org/aes/CaioLoures
ABPAUDIO: 1071409 / AES: 71310
(21) 8747-8917

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